sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Um Deus musico e uma matéria surda

William Adolphe  Bouguereau (1825-1905) The Youth of Bacchus (1884)

Não esta na antropologia e nem no canto dos museus, não se detêm muito tempo nos livros. Deslumbra-me com os rituais ao redor das fogueiras, aquelas dos antigos tempos, me atrai no suor e as danças ancestrais.
Se adorar alguma coisa é um dever, o que quero adorar é o fogo, é o fogo que me faz vivo e me leva frente à escolha, que me queima ou me faz fogueira, que me faz ir longe ou me transforma aqui e agora em pó, pó este que corre pelo relógio de areia e me faz morto.

Mas morrer? Que Deus seria esse se desse a vida com a mão direita e lhe tirasse com a esquerda? Não, a vida esta além do pó, mas não meu corpo, este é do tempo, fica aqui, este já é um suicida que corre em direção do piso.

Devo negar-me! Esta é a mensagem da dor, o local da ferida que não deve ser curada, mas arrancada deste leproso. Levantem-se e andem, pois é isso que faz o caminho, não esta aqui nem ali, em nenhum lugar.

Por Deus! isso é desesperador, o caminho esta em nossos pés, devemos andar, devemos largar todo o peso, devemos largar isso tudo que nos prende e andar. Tocar em si, como em uma porta, caminhar, observar, absorver, selva em mim, selva em mim.

Aborrecemo-nos no cotidiano, nos enlouquece discursos longos, é nossa preguiça, mas também são os antigos regedores, partes autônomas do ser. Somos por demais subjetivos, ignorantes em uma dança profana, não caminho e o “não caminho” é o próprio anticristo.

Limpai o templo profeta, queima incenso, lhe-inspira, para que assim faça de si local santo, local santo, com místico som e danças circulares, como o movimento dos astros.

Leia para mim oh! Deus a tua poesia, as suas canções, declamai para mim, fazei de mim seu mais humilde ouvinte, mas lhe peço, coloque em sua poesia um Cireneu, alguém que me ajude e me permita a tua melodia dançar.

Autoria: Filipe Zander Silva

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